TDAH e a saúde: alimentação e atividade física

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica caracterizada por sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade. Além das dificuldades no desempenho acadêmico, profissional e social, o TDAH também pode influenciar significativamente o comportamento alimentar. Um dos fatores que explicam essa relação é a necessidade constante de estímulo, característica comum entre pessoas com TDAH.

O cérebro de indivíduos com TDAH apresenta alterações na regulação da dopamina, neurotransmissor responsável pelo prazer, motivação e recompensa. Como resultado, há uma busca constante por atividades e experiências que proporcionem estímulos imediatos e gratificantes. A alimentação, especialmente o consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura, pode se tornar uma fonte rápida e acessível de prazer, pois esses nutrientes ativam diretamente o sistema de recompensa do cérebro, promovendo sensações momentâneas de satisfação e bem-estar.

Além disso, a impulsividade, um dos principais sintomas do TDAH, pode levar a decisões alimentares precipitadas e pouco saudáveis. Pessoas com TDAH podem ter dificuldade em planejar refeições, resistir a desejos momentâneos e controlar a quantidade de comida ingerida. Isso pode resultar em episódios de compulsão alimentar, em que grandes quantidades de alimentos são consumidas rapidamente, muitas vezes sem consciência plena do ato de comer.

Outro fator que contribui para a relação entre TDAH e alimentação desregulada é a dificuldade em manter rotinas estruturadas. Pessoas com TDAH podem se esquecer de fazer refeições regulares, levando a longos períodos de jejum seguidos por episódios de fome intensa, o que aumenta a probabilidade de escolhas alimentares impulsivas e menos nutritivas. Além disso, a distração pode fazer com que a pessoa coma sem prestar atenção, levando ao consumo excessivo de calorias sem perceber.

O impacto dessas dificuldades pode ir além do comportamento alimentar, afetando a saúde física e emocional. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar pode levar ao ganho de peso, aumento do risco de obesidade, diabetes tipo 2 e outros problemas metabólicos. Além disso, variações bruscas nos níveis de açúcar no sangue podem contribuir para oscilações no humor, agravando sintomas de ansiedade, irritabilidade e desatenção.

Diante desses desafios, é essencial que pessoas com TDAH adotem estratégias para melhorar sua relação com a alimentação. Algumas medidas incluem:

  • Planejamento das refeições: Ter horários fixos para comer e preparar refeições com antecedência pode ajudar a evitar períodos prolongados de jejum e escolhas impulsivas.
  • Escolha de alimentos nutritivos: Priorizar alimentos ricos em proteínas, fibras e gorduras saudáveis pode contribuir para a saciedade e estabilidade dos níveis de açúcar no sangue.
  • Atenção plena na alimentação: Praticar o “mindful eating” (alimentação consciente) pode ajudar a pessoa a reconhecer sinais de fome e saciedade, evitando excessos.
  • Evitar estoques de alimentos ultraprocessados: Reduzir a disponibilidade de doces, salgadinhos e fast-food em casa pode minimizar o consumo por impulso.
  • Acompanhamento profissional: Nutricionistas e psicólogos podem auxiliar na criação de estratégias personalizadas para um padrão alimentar mais equilibrado e adequado às necessidades do indivíduo.
  • TDAH e o intestino
    Também já foi mostrado que, por motivos provavelmente genéticos, crianças com TDAH podem ter um intestino com dificuldade na fixação de bactérias probióticas, o que leva a má absorção de vitaminas e minerais, agravando o caso.
    Curioso que pessoas com doença de Chron, doença celíaca, colite ulcerosa, autismo, síndrome de Down, síndrome inflamatória intestinal experimentam frequentemente o mesmo problema. O intestino pode prender ou soltar, dependendo do caso, mas de qualquer forma, a disbiose e a hiperpermeabilidade do intestino contribuem para mais inflamação e alterações comportamentais.
    Lembrando que cérebro e intestino são conectados e para que um esteja bem o outro precisa estar bem também. O tratamento da disbiose envolve uso de probióticos, prebióticos, enzimas digestivas, redução no consumo de alérgenos, corantes, alimentos ultraprocessados e adoção de dieta antiinflamatória. As mudanças podem ser feitas gradativamente.
  • https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/tdah-ta-na-moda,c54caa87de76c451853ecc069d875062e82d4p5d.html?utm_source=clipboard

Compreender a relação entre o TDAH e a alimentação é fundamental para desenvolver hábitos mais saudáveis e melhorar a qualidade de vida. Pequenos ajustes na rotina e um maior conhecimento sobre o próprio comportamento alimentar podem fazer uma grande diferença no bem-estar físico e mental.

A prática regular de atividade física pode ser extremamente benéfica para pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O exercício físico estimula a liberação de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e serotonina, que desempenham um papel fundamental na regulação da atenção, do humor e do comportamento. Dessa forma, a atividade física pode ajudar a melhorar a concentração, reduzir a impulsividade e controlar os níveis de energia.

Estudos indicam que exercícios aeróbicos, como corrida, natação e ciclismo, são especialmente eficazes para indivíduos com TDAH. Essas atividades promovem um aumento na atividade cerebral e melhoram a função executiva, facilitando a organização e a tomada de decisões. Além disso, práticas como ioga e artes marciais podem auxiliar na regulação emocional e no desenvolvimento do autocontrole, proporcionando benefícios tanto físicos quanto psicológicos.

Outro aspecto positivo da atividade física é seu impacto na redução do estresse e da ansiedade, que frequentemente acompanham o TDAH. O movimento corporal ajuda a liberar tensões acumuladas, proporcionando uma sensação de bem-estar e equilíbrio emocional. Além disso, a prática esportiva pode contribuir para a melhora da autoestima, já que permite que a pessoa desenvolva habilidades e alcance objetivos concretos.

Para obter os melhores resultados, é essencial que a atividade física seja incorporada à rotina de forma consistente e prazerosa. Escolher exercícios que sejam motivadores e adaptados às preferências individuais aumenta a adesão e a eficácia do tratamento. Além disso, o acompanhamento de profissionais qualificados, como educadores físicos e terapeutas, pode potencializar os benefícios do exercício para o TDAH. Assim, a atividade física se torna uma aliada essencial no manejo dos sintomas e na promoção de uma melhor qualidade de vida.