O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurodesenvolvimental que afeta milhões de pessoas no mundo todo. No entanto, entre as mulheres, o diagnóstico frequentemente é atrasado ou negligenciado. Isso ocorre, em parte, porque os sintomas podem se manifestar de forma menos óbvia e, muitas vezes, são confundidos com traços de personalidade ou condições emocionais. Quando não tratado, o TDAH pode gerar uma série de desafios que impactam a qualidade de vida.
O TDAH é frequentemente associado à infância e adolescência, mas muitas pessoas continuam a viver com o transtorno ao longo da vida, mesmo sem um diagnóstico formal. Após os 40 anos, o TDAH pode apresentar desafios únicos, influenciados por mudanças nas responsabilidades, no estilo de vida e no funcionamento cognitivo.

O TDAH na vida adulta
Embora o TDAH seja diagnosticado com mais frequência em jovens, ele persiste em cerca de 50 a 60% dos casos na vida adulta. Para aqueles que chegam aos 40 ou mais sem um diagnóstico, os sintomas podem ser confundidos com outros problemas, como estresse, ansiedade ou até declínio cognitivo relacionado à idade. Os principais sintomas — desatenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade — podem continuar a impactar áreas importantes, como:
Carreira: dificuldades em manter o foco, organizar tarefas e cumprir prazos podem prejudicar o desempenho profissional.
Relacionamentos: a impulsividade ou esquecimentos frequentes podem gerar conflitos interpessoais.
Saúde mental: sentimentos de frustração, baixa autoestima e esgotamento são comuns, especialmente quando a pessoa sente que não está alcançando todo o seu potencial.

Impactos específicos após os 40 anos
Com o avanço da idade, outros fatores podem intensificar os desafios do TDAH:
- Acúmulo de responsabilidades: cuidar de filhos, gerenciar uma carreira e, em muitos casos, apoiar pais idosos pode exigir habilidades de organização que pessoas com TDAH encontram dificuldades para desenvolver.
- Mudanças cognitivas: o envelhecimento pode levar a uma leve redução natural da memória e atenção, complicando ainda mais os sintomas do transtorno.
- Maior autocrítica: adultos mais velhos com TDAH podem se culpar por “não terem percebido antes” o transtorno, especialmente se sentirem que ele impactou suas escolhas de vida.
Tratamento e manejo
Embora não haja cura para o TDAH, há diversas estratégias eficazes para melhorar a qualidade de vida:
Estilo de vida saudável: exercícios físicos, alimentação equilibrada e sono regular têm impacto positivo no manejo do TDAH.
Medicamentos: estimulantes e outros medicamentos específicos podem ajudar a regular os níveis de atenção e impulsividade.
Psicoterapia: terapias como a terapia cognitivo- comportamental (TCC) ajudam a desenvolver habilidades práticas para organização, controle emocional e planejamento.
Treinamento de habilidades: técnicas específicas, como o uso de ferramentas digitais para organização, podem facilitar a rotina.
Uma nova perspectiva de vida
Apesar dos desafios, é importante lembrar que o TDAH pode ser tratado e gerenciado com intervenções adequadas, como terapia, medicação e mudanças no estilo de vida. Reconhecer o impacto do transtorno e buscar apoio especializado é um passo fundamental para quebrar o ciclo de culpa e construir uma vida mais equilibrada e satisfatória.
O diagnóstico e o tratamento adequados após os 40 anos permitem que muitas pessoas finalmente compreendam seus comportamentos e encontrem formas de trabalhar com suas características únicas. Em vez de focar nas limitações, é possível explorar os pontos fortes associados ao TDAH, como criatividade, energia e capacidade de improvisação.
Encarar o TDAH com aceitação e estratégias práticas pode transformar a vida, promovendo não apenas uma melhor gestão das dificuldades, mas também um senso renovado de realização e propósito.