TDAH e o jejum de dopamina

O conceito de jejum de dopamina e sua relação com o TDAH é um tema polêmico e pouco fundamentado cientificamente. O jejum de dopamina foi popularizado como uma prática onde a pessoa evita estímulos prazerosos (como redes sociais, videogames, junk food, etc.) para “resetar” o cérebro e aumentar a sensibilidade à dopamina. No entanto, essa ideia é muitas vezes mal compreendida e não tem base sólida em estudos neurocientíficos.

TDAH e a Dopamina

No cérebro de pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), há um déficit funcional de dopamina, especialmente em áreas como o córtex pré-frontal e os gânglios da base, que são responsáveis pelo controle da atenção, impulsividade e motivação. Isso faz com que atividades repetitivas ou pouco estimulantes sejam muito difíceis de sustentar para quem tem TDAH.

Jejum de Dopamina: Faz Sentido para o TDAH?

Como o TDAH já está associado a uma deficiência na regulação da dopamina, reduzir ainda mais os estímulos não resolveria o problema. Pelo contrário, pessoas com TDAH muitas vezes precisam de estímulos para conseguir manter o foco e a motivação. Algumas práticas propostas pelo jejum de dopamina, como reduzir distrações e cultivar momentos de tédio, podem até ajudar no desenvolvimento do autocontrole, mas isso não “reinicia” ou “reset” a dopamina no cérebro.

Abordagens Mais Eficazes

Em vez de jejum de dopamina, pessoas com TDAH podem se beneficiar de estratégias que regulem a dopamina de forma saudável, como:

  • Medicação adequada (como estimulantes que aumentam a disponibilidade de dopamina).
  • Estratégias de motivação (uso de recompensas, gamificação e métodos como a Técnica Pomodoro).
  • Exercício físico, que ajuda a aumentar naturalmente os níveis de dopamina.
  • Sono de qualidade, essencial para o funcionamento adequado do sistema dopaminérgico.
  • Alimentação equilibrada, com nutrientes que favorecem a produção de neurotransmissores.

Conclusão

O “jejum de dopamina” pode ser útil para evitar excessos e melhorar o autocontrole, mas para pessoas com TDAH, uma abordagem que vise regular a dopamina de forma equilibrada tende a ser muito mais eficaz.